Já fui casado várias vezes, nunca por tanto tempo quanto agora.
Para todas as minhas mulheres, fiz milhares de concessões. Até os jogos do Grêmio eu deixava de ver.
Já a Leah, pobre Leah, nunca teve esses privilégios.
Desde que estamos juntos, foram poucos os jogos que deixei de assistir, no estádio ou em casa.
Hoje, que é dia de jogo na Libertadores, que é quase uma questão de vida ou morte, que fazem anos que a gente não joga esse campeonato, justo hoje, a Leah resolveu fazer aniversário.
Aliás, ela tem essa mania de fazer aniversário todos os dias 27 de março desde que nos conhecemos. Investigando com a família, descobri que há tempos ela monopolizou a data.
Em outros anos, quando eu tinha dinheiro e podia dar presentes caros e bacanas, talvez eu não me preocupasse tanto em estar ao lado dela durante os 90 minutos do jogo do Grêmio hoje.
Como não é o caso – esse mês eu já não tive dinheiro pra comprar roupa e ir a um casamento e, atualmente, nem pro colírio eu tenho – resolvi ficar ao lado da minha mulher na hora do jogo. Ou quase ao lado, já que ela vai ver a novela e eu vou ver o jogo. Mas quando acabar a novela, a coitadinha vai ter que passar uma parte do aniversário vendo o tricolor massacrar os feladasputascarcarássanguinolentosdemerda do Tolima.
Afinal de contas, não é porque ela tá de aniversário que não vai se sacrificar um pouquinho.
Feliz aniversário, meu amor. E obrigado por me agüentar.
terça-feira, 27 de março de 2007
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