domingo, 3 de junho de 2007

33 anos de tabu jogados fora (ou, ainda, a crônica de uma morte anunciada).

Botafogo 3 x 0 Grêmio

Brasileirão 2007 - Quarta Rodada - Estádio Maracanã - Rio de Janeiro

Antes da partida entre o Grêmio e Botafogo, liguei o rádio pra saber o que estava acontecendo enquanto lavava um pouco de louça. O que escutei quase me fez derrubar um copo.

“O Grêmio entra em campo para enfrentar o Botafogo com Saja, Nunes...”

Com o Nunes na lateral-direita, quem mais entraria em campo era só detalhe. Fiquei bastante preocupado. Nosso time reserva já não é grande coisa, e com uma improvisação grotesca como essa na lateral, o jogo tomou ares de tragédia antes mesmo de começar.

A explicação do Nunes na lateral-direita não é nada complexa: Jucemar, que é do ofício, é nossa quarta ou quinta alternativa para a posição. Pela ordem de preferência do Mano, jogam Patrício, Gavilán, Nunes, Wiliam Magrão, qualquer pessoa que passar pelo Olímpico vestindo uma camisa 2 Tricolor e, finalmente, o Jucemar.

Se o Jucemar é assim tão ruim, ninguém sabe. O sujeito jogou duas partidas no Gauchão (uma delas muito mal, na outra até fez o gol) e nunca mais teve chance. Foi cortado da Libertadores e vai ficar no frio de Porto Alegre esperando para voltar à fria Geórgia no final do ano. Sinceramente, acho que qualquer coisa seria melhor do que o Nunes na lateral-direita. Até mesmo o Jucemar.

Mas pra ter certeza mesmo de que as coisas iam acabar mal, foi só esperar o começo do jogo.

Na primeira invertida de bola da direita para a esquerda do ataque alvi-negro, Nunes estava posicionado como primeiro volante e Lúcio Flávio dominou a bola sozinho na área, onde devia ser marcado pelo lateral. Saja teve que sair desesperado do gol para não levarmos o primeiro logo de cara. E vieram mais dois chutaços que nosso goleiro defendeu espetacularmente.

Mas a pressão era muito grande e só o Fogão jogava. Antes dos 20 minutos, numa cobrança de falta ensaiada, a bola rolou mansamente uns 15 metros sem ninguém do Grêmio chegar e o Juninho, que bate forte na bola, nem precisou se preocupar. Desmarcado, enfiou o pé e sem piedade do meio da rua e daí nem o Saja (nosso melhor jogador) conseguiu salvar o Tricolor: Botafogo 1 x 0.

Só o Fogão jogava antes do gol. E continuou pressionando. Logo depois do primeiro, num cruzamento da direita, Schiavi nos salvou de levar o segundo num lance em que o Saja tinha ficado vendido. A marcação na defesa estava lamentável...

Mas não era mérito da defesa jogar abaixo da crítica. O time inteiro estava pavoroso.

Edmílson jogou mal, Lucas sentiu a falta de ritmo, Diego Souza tentava sozinho alguma coisa (e pouco conseguia), Amoroso e Ramon sumiram e Tuta, coitado, ficava sozinho lá na frente, recuando cada vez mais para tentar alguma coisa. E conseguiu levar vantagem em algumas jogadas, mas a falta de parceria matou o coitado. Literalmente, porque de tanto correr sozinho, o Moacir acabou sentindo a coxa e teve que sair. Pra piorar, é dúvida para a nossa decisão de quarta-feira pela Libertadores. Quanto a isso, só nos resta rezar pela recuperação do Moacir.

Douglas, o homem de vidro, substituiu o nosso camisa 9 no melhor momento do Grêmio, que foi quando o time da Estrela Solitária começou a recuar, recuar e recuar.

Dos 25 milhões de passes que o Grêmio errou durante a partida, Ramon conseguiu uma enfiada de bola para o centroavante reserva, que passou pelo goleiro Júlio César e acabou derrubado. Pênalti bem marcado pelo Paulo César Oliveira. Temi que pudesse ser mais uma lesão na temporada de azar do Douglas mas, dessa vez, quem se machucou foi o goleiro do Fogão.

Amoroso se ajeitou para cobrar o pênalti, eu me ajeitei no sofá e... o Júlio César defendeu. Pênalti cobrado no canto, à meia-altura, é um convite para a torcida gritar o nome do goleiro. Não era mesmo o nosso dia.

Devo admitir que quando o atrapalhado e inseguro Max substituiu o titular machucado (tomara que não seja nada grave) , voltei a ter esperanças numa reação. Mas nem assim o Grêmio se animou.

O primeiro tempo acabou com o Tricolor um pouquinho melhor, e o segundo tempo começou assim também. Fomos pra cima, mas eram tantos passes errados que nosso jogo não se desenvolvia. Chances surgiam apenas em erros do Botafogo, como a furada espetacular do zagueiro, ou em cobranças de falta – na trave do Diego Souza e raspando do Bruno Teles.

De qualquer forma, parecia que nosso time não buscaria o empate e o 1 x 0 permaneceria no placar.

Foi quando o Schiavi, que não vinha mal, errou o tempo da bola e quase amputou a perna do bom Jorge Henrique. Já com as três substituições feitas, o Mano montou uma linha de três zagueiros com Wiliam Magrão, Pereirão e Nunes.

Em outra falta na frente da área, Luciano Almeida pegou mal pra burro na bola. O chute iria parar na bandeirinha do escanteio não fosse o azar do Edmílson. A bola bateu no meu querido brucutu e matou nosso goleiro. Fogão 2 x 0.

Como faltavam 10 minutos, por pior que o Tricolor estivesse, parecia que a coisa ia ficar por isso mesmo.

Mas o Nunes queria encerrar com chave de ouro a sua péssima atuação com a camisa 2 do Grêmio. Daí ele deu um jeito de fazer uma presepada, perder a bola para o ataque do Botafogo quando o nosso time saía inteirinho.

Jorge Herinque só teve o trabalho de se livrar do Magrão e tocar na frente para o Dodô. O artilheiro dos gols bonitos driblou nosso goleiro com categoria e tocou de mansinho para o fundo do poço. Bruno Teles, um dos poucos que não comprometeu tanto nesse começo de noite lamentável, quase salvou. Mas não deu: 3 x 0 pra eles.

E o Saja ainda nos salvou em mais uma oportunidade depois. Na visão de um otimista como eu, poderia ter sido pior. 5 ou 6 x 0 para o Botafogo seria um resultado lamentável, mas não completamente injusto.

Fim de jogo e uma desilusão contida, já que este não é o time titular. Mesmo assim, quem é gremista de verdade não gosta de ver o time apanhando feio desse jeito, ainda mais no Maracanã, onde já conseguimos algumas vitórias, empates, classificações e títulos emblemáticos na nossa história.

Poderia ser diferente se o Amoroso tivesse convertido o pênalti ou a falta na trave do Diego Souza entrasse. Talvez desse até pra segurar um empate. Talvez o Schiavi não tivesse cometido aquela falta tenebrosa da expulsão.

Mas errando tantos passes e com o Nunes na lateral-direita, não merecíamos resultado melhor. Pelo menos fizemos a lição de casa nas duas rodadas anteriores e não vamos ficar no fundão da tabela ao final dessa rodada.

O jeito é torcer para que no jogo de quarta, contra o Glorioso Alvi-Negro Praiano, nosso time titular segure a onda e consiga a classificação para as finais da Libertadores.

Depois de ganhar a Copa, vamos pra cima deles no Brasileirão. E o Botafogo pode esperar, porque o jogo de volta no Olímpico vai ser bem diferente.

Um comentário:

Anônimo disse...

Eu também já imagina isso.

Nunca vi o Grêmio ganhar fora de casa com aquele juizinho peito-estufado FDP. Longe de dizer que a culpa foi dele, mas não expulsar o Asprilla (ha-ha) que era o último homem e dar o vermelho direto pro Schiavi é, no mínino, falta de critério.