sábado, 4 de julho de 2009

Um tempo depois - Grêmio Copero

A revolta da torcida ainda é muito grande e não diminuirá, saibam. Não, a menos que haja oxigenação nos discursos e, principalmente, nas decisões práticas. O Krieger saiu e, é coerente que saia, porque foi o cara que, junto com o Odone, e depois, junto com o Kroeff, bancou o Roth, claramente colocando-se em contra da torcida. Aqui cabe uma comparação histórica: quando o Dr. Koff bancou ao Felipão em 93, era o Koff campeão de tudo que bancava e era o ainda desconhecido e gremista Felipão o técnico bancado. São coisas muito diferentes.

Quando a massa se fez ouvir e quando os erros de planejamento fizeram com que o Grêmio caisse feio num gauchão em que nunca se soube claramente se disputaríamos a sério pra ganhar ou pra passar vergonha, tamanho o desencontro entre discurso e prática, resultando numa eliminação vexatória. Dos males o menor, ano de Copa e um período importante pra preparar o elenco com o novo treinador, correto? Errado. Optaram por um treinador não disponível, fizeram-se surdos - mais uma vez - pra torcida e dessa vez também pro Dr. Koff. Todos pediam, inclusive o próprio Portaluppi, pra que ele treinasse o Grêmio. Bancaram um competente interino enquanto Autuori não vinha. Ninguém pode contestar o curriculum do Autuori, mas sim se pode contestar a decisão de uma direção que permite o time jogar sem técnico uma Libertadores de América, sim se pode contestar a decisão de uma direção que não considera a tradição histórica de um Grêmio multi-campeão em mãos de técnicos gremistas, que não considera a necessidade orgânica do contato dia-a-dia entre comandante e comandados. Renato esteve ali o tempo todo, pronto pra trazer a massa pro lado da direção (ao lado do time sempre estivemos), pronto pra incendiar o time e encher de gremismo… o Grêmio. Enquanto isso, Autuori disputava mais outro jogo lá, bem longe dos ares de Porto Alegre. Ao fim e ao cabo, o competente Autuori chegou, com um tom educado que em muito o diferencia do nosso ex-treinador, mas que mudou muita coisa e ainda não teve tempo, sorte, capacidade ou material humano pra mudar nada. Pior pra nós, gremistas, que temos que tragar esse gosto amargo da eliminação, vendo o time cair por cometer os mesmos estúpidos erros, os mesmos atos falhos em bolas alçadas, as mesmas constrangedoras linhas de impedimento, os mesmos arremates que não resultam em gol, cair pros mesmos erros históricos de arbitragem e, novamente, prum time que não é melhor, apenas mais eficiente.

É duro tomar os três gols que tomamos no Mineirão. Evitáveis. É duro ver o Kléber girar encima de um profissional, mas que parecia um piá amador e tocar prum jogador (que estava pronto pra jogar no Grêmio no início do ano) marcar seu terceiro, repito, terceiro gol contra o Grêmio em dois jogos num semi-final de Copa. É duro. É duro saber que até o mais ausente dos gremistas sabe, que o Grêmio sempre teve e sempre precisará ter um patrão dentro ou na frente da área, de preferência nas duas posições, de preferência que um deles seja patrón. Alguém que incorpore a alma do clube e hable a língua da competição. É duro ter um cara como Émerson, gremistão como o Émerson, multi-campeão como o Émerson, vingador como o Émerson, experiente e respeitado como o Émerson oferencendo-se pro Grêmio sem ser contratado. É duro que teus amigos te liguem, antes de um jogo, sorridentes e confiantes pra dividir contigo a alegria de estar lá, presentes, e que meia-hora depois essa alegria e confiança se transforme numa ligação aos gritos, com choro, raiva, e sons de relinchos por culpa de uma direção e polícia despreparadas e desrespeitosas, manchando mais uma vez o que deveria ter sido outra página épica do clube, mas que não chegou a ser escrita. É duro que uma direção não tenha força para se impôr e permitir que entrem elementos básicos e inofensivos de uma torcida na NOSSA casa, proibidos pela mesma polícia despreparada que proíbe a entrada dos próprios sócios do clube nas nossas dependências? Acaso não entenderam eles, diretivos, ser essa uma punição contra o próprio clube?

De que adianta, Kroeff, simpaticamente discursar em español aporteñado pras câmeras da FoxSports antes do jogo, se ante a própria torcida um simples discurso na língua madre, na língua da torcida não consegue cair bem praticamente nunca? Acaso não entendem vocês, diretivos, que sem laterais não se chega? Que sem alçar dos flancos não se chega? Que sem patrão não se chega? Que sem fuzilar aos gritos a cara de mais um árbitro que nos rouba, não se chega? Que sem ter a massa do lado não se consegue ter paz? Que sem buscar armonia, conciliação, nem se deve? Acaso não entendem vocês o que é o Grêmio, o que é o gremismo e, como somos nós, gremistas? Pra quê tanta confrontação, pra quê tanta resistência? Custava muito ter escutado a massa?

Sou contra pedir a cabeça do presidente. Eleito foi, no cargo deve estar. Peço é diálogo, sensibilidade, decisões fundamentadas na tradição do clube.

Força Grêmio! Um campeonato sim, mas antes dele, a vaga na Copa.

Leonardo Fleck

CTRL+C e CTRL+V do Grêmio Copero

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