sábado, 13 de agosto de 2011

Amadorismos

1991. Depois de seis anos detonando o rival nos torneios regionais a soberba começou a rondar o Olímpico. É uma das minhas primeiras lembranças do futebol: fim do Grenada do Beira-Rio, 2x0 para nós, e um dirigente sai da casamata gritando para a imprensa (sempre ela): "hepta, rumo ao octa". Não foi o que ocorreu. No último jogo, empate em zero a zero e o título ficou por lá. Caiu todo o mundo - inclusive o time, que voltou a subir no ano de 1993.

Em 93 o Grêmio vinha ressurgindo, ainda sendo massacrado pela mudança de regulamento de um campeonato de segunda divisão onde fez campanha sofrível e de ver os cocô-irmãos levantarem pela segunda vez o Ruralito em sequência. Na presidência, o retorno de um ícone, com dura missão. Depois de raspar os cofres e contratar um time com teias de aranha, colocou no comando um jogador do marcante título de 1977 (que substituia o titular Ancheta), Cassiá Carpes. O resultado foi o retorno do sorriso ao rosto do torcedor. Porém, depois do título veio a recompensa: demissão. Eu fiquei indignado com isso. Enquanto Fábio Koff dava a mínima para a comoção que ocorreu entre os torcedores, anunciou a contratação de Luiz Felipe Scolari.

Foi pelo comando do nosso bigodudo mor que vencemos a nossa segunda Copa do Brasil, em 1994, de forma invicta. Como prêmio, Paulão, Agnaldo, Ayupe, Jamir, Pingo e Fabinho deram adeus ao clube. Se eu já não tinha gostado da troca de comando (ah, tá, vai lá, ganhamos um título, pelo menos) depois disso, eu estava espumando. Quem ia bater as faltas e os escanteios no lugar do Ayupe? Como manter a marcação no meio sem o Jamir e o Pingo? Quem vai botar o Nildo na cara do gol se não o Fabinho? E a defesa, sem a raça de Paulão e a experiência do Agnaldo?

Não preciso nem dizer quem chegou para a Libertadores de 95 e os resultados que tivemos ainda em 96 e 97 graças a isso. Ou seja, eu, torcedor, estava totalmente errado, mas a direção não. Amadorismo é achar que um título, ou uma classificação para a Libertadores, mascara as necessidades de um time. Amadorismo é se esconder atrás da popularidade para não tomar as decisões que devem ser tomadas, contra a torcida, se for preciso. Amadorismo é ir contra a tua ideia de futebol para não deixar ninguém magoado. Espero que esse amadorismo não volte ao Olímpico, independente do resultado do nosso time ainda esse ano. 2011 ainda segue para nós, torcedores. Para a direção, devia ter acabado há mais tempo: 2012 exige planejamento.

5 comentários:

Tarsis Salvatore disse...

Lamento te dizer desde que há apenas quatro meses de 2012, o amadorismo impera no Maior do Sul. Uma lástima.

Vitor Torres disse...

Fagner,

Venho acompanhando o blog há tempos.

Este post está na minha lista de favoritos.

Excelente análise.

Abraço,
Vítor Torres

Vitor Torres disse...

Fagner

Excelente análise !

Foi para meus posts favoritos.

Abraço
Vítor

@tiagorussell disse...

"Amadorismo é se esconder atrás da popularidade para não tomar as decisões que devem ser tomadas, contra a torcida, se for preciso."

Mais uma vez, perfeito.

Duda Tajes (Eduardo Tajes na Carteira de Identidade) disse...

Grande texto. Matou a pau, Fagner. Parebéns.