quarta-feira, 19 de maio de 2010

O dia em que perdi os dedos

São 11h30. Da manhã. O jogo começa daqui a pouco.

Dormi mal. Quebrei o abajur com um tapa no meio da noite.

Acordei com dor nas pernas, como se tivesse passado a noite jogando futebol.

E acho que passei.

Já roi todas as unhas. E a carne do recheio.

Confesso, estou nervoso. Pessimista. Mas não estou vencido.

Como meu amigo Choque brilhantemente inventou, hoje eu estou em TPJ.

A TPM dos homens.

A tensão pré-jogo que domina todos aqueles que adoram futebol, mas acima de tudo amam seus clubes.

Aquela sensação de desconforto que te persegue durante todo o dia, que corroi o estômago e se concentra na garganta seca por um grito de gol.

E o jogo dessa noite vai ser encardido.

O melhor ataque do Brasil, as estrelas do atual futebol brasileiro, o talento ofensivista que encanta aquelas pessoas que, como eu, gostam de ver um futebol bonito, o drible, o lançamento, o domínio e o gol. Os meninos da mídia, injustiçados, preteridos pelo anão turrão e defensivista...

Tudo isso contra a nossa defesa reserva: um lateral improvisado, dois zagueiros de baixa velocidade... Jovens (porque pra mim abaixo de 33 todo mundo é jovem) que carregam nos ombros o peso de toda uma paixão.

Apesar de tanto peso, tanta pressão, eles tem um bônus: a IMORTALIDADE.

Este ENTE que poucos torcedores entendem, principalmente aqueles que torcem pra outras cores.

Este RAIO que insiste em cair quando o IMPROVÁVEL teima em comparecer.

Esses jovens, imortais ou não, preparados ou não, vão lutar.

Vão vestir seus mantos sagrados e deixar o sangue em campo.

Vão dividir cada lance como se fosse o último.

Vão tirar o pé somente quando o juiz já tiver parado o jogo e o carro-maca ameaça invadir o campo.

Mas, infelizmente, nem sempre isso basta pra conqusitar o resultado.

Por tudo isso, hoje vai ser uma noite inesquecível. Ou que faremos questão de esquecer.

Uma noite pra ser cantada, ou simplesmente lamentada.

Uma noite dificil. Pra não dizer impossível.

Por isso, mesmo de longe, não bata na mulher. Não brigue com o chefe. Não maltrate o cachorro. E principalmente, não xingue os jogadores. Apoie até o final, e mesmo depois do final.

Porque, apesar de tudo - E POR TUDO - o que já foi escrito, VAI SER UMA NOITE COM A NOSSA CARA...

Rumo ao PENTA!

7 comentários:

Tarsis Salvatore disse...

Teu texto está excelente. Acho que expressa como me sinto. EStou até pensando um pouco em não ver esse jogo, meu médico recomendaria, mas vou acabar vendo, isso nem a final propriamente dita é.

@snel disse...

Estado de nervos MODE ON. Não estou conseguindo em concentrar no trabalho, dormi mal ontem tb. Precisamos ganhar!

Dále!

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

hoje e 8 ou 80,agora ou nunca essa e a hora!convenhamos desde 2001 nao estavamos tao perto de algo tao grande finalemte um titulo vai ser muito sofrido,sei q quase vou morrer do coraçao,dificil e ,impossivel JAMAIS!
JA CALAMOS UM MARACANA LOTADO EM 97,UM MORUMBI LOTADO EM 2001

Rafael disse...

Bá cara, exatamente isso que to sentindo também. Acordei hoje parecia diferente. Tudo nervoso, tenso. O jogo de hoje a noite vai ser assim. Só espero que nossa imortalidade apareça e que eu viva até o fim do jogo (é bem provavel eu ter um infarto durante) pra ver o meu tricolor na final de mais uma copa. Da-lhe GRÊMIO!

Um por Todos disse...

Puta texto. Dormi muito mal, das 2 as 5, mesmo cansado. To um zumbi há 2 dias. Eu ia até postar algo para sublimar a TPJ mas depois deste texto não tenho mais nada a acrescentar. Só se que se der nós será heróico, épico e inesquecível.
Mosqueteiro.

Josué Antonio disse...

Perfeito texto, tchê.
...
Bah, ontem eu estive meio deprimido, não soube dizer o por quê. A todos custos, tentava ignorar o compromisso de hoje a noite.
Mas a mente humana é um treco estranho. Apesar de ter lido um livro com assunto nada a ver com esporte e dormido assim, sonhei com esse jogo. Lembro que no meu sonho, um amigo meu dizia: "não deu pro nosso Grêmio...", e, mesmo durante esse sonho, a tristeza era descomunal. Ainda no sonho, olhava o placar pela internet, 2x2. Eu então dizia para meu amigo e para minha namorada: "não, deu sim, deu sim! estamos na final!!". E acordei assim, num misto de confusão se aquilo era um bom ou mal presságio.
Peguei meu manto e carrego ele comigo até agora, horas antes da partida. Que tenhamos garra charrúa e muita imortalidade. Se tivermos isso, não há Pelé que nos elimine.