quinta-feira, 21 de abril de 2011

Raio X do Grêmio na Libertadores - Parte I

Sempre fui aficionado por números e estatísticas e num dia desses tive uma grata surpresa. Dando uma olhada num aplicativo que traz o resultados, tabelas e classificação de diversos campeonatos, descobri que ele disponibiliza também dados da Footstats. Como diria o Snel, fiquei em chamas.

Infelizmente não dá a estatística de todos os jogos, só dos principais (Tarsão'11, nem pensar). Da Libertadores, só tem dos jogos dos times brasileiros, o que é uma pena, senão daria pra saber um pouco mais da Universidad Católica.

Pelo menos dá pra analisar o Grêmio dessa Copa (o aplicativo comete o mesmo erro de parte da imprensa, que inventou a "Pré-Libertadores" e não considera os 2 jogos com o Liverpool, ao contrário da própria Conmebol) com outro olhar. Não que esses números sejam verdades absolutas, mas podem derrubar certas teses que circulam por aí.


Como tem muita informação, acabei dividindo esse post. Essa primeira parte é sobre a posse de bola e como o Grêmio a usa.

Comecemos como foi essa posse em cada jogo, por quadrante*.

*Por convenção do aplicativo, os mandantes atacam de baixo para cima.

Reparem onde a bola fica mais tempo quando em posse do Grêmio.

O quadrante em frente ao Victor sempre tem destaque pelo tempo que nosso goleiro fica com a bola até repô-la, bem como a saída de bola da defesa geralmente é feita com os zagueiros, sem chutão.

Notem que a posse de bola nos jogos em casa contra Oriente Petrolero e Leon ficou bem concentrada no meio-campo, reflexo da barreira defensiva imposta por esses times, o que obrigou o Grêmio a tocar a bola de lado em busca de uma brecha. Já contra o Junior, o time do Renato foi mais agudo, buscando mais o jogo pelas laterais. Fica a pergunta: causa ou consequência da melhor partida do ano até agora?

Já fora de casa, se não fosse pelo último jogo, os mapas seriam idênticos. O que surpreende é o volume de posse de bola no lado direito do ataque. Aí a escalação do time fez diferença. Além dos titulares, variaram também os posicionamentos nos jogos. Por isso vou tomar a liberdade de usar os gráficos feitos pelo André Kruse, do blog Grêmio1983, e cruzá-los com esses números.

Muita informação, né? Então vamos separar por jogos em casa e fora. Primeiros os com mando do Grêmio.

Nesses 3 jogos, o losango do meio campo foi sempre mantido, independente da composição dele. Por exemplo: no 1º jogo o Cazalbé jogou do lado direito do Rochemback, jogando um pouco mais avançado que o Alemão Adílson, quando este joga por ali. Na 2ª partida, fez a função do Lúcio, pela esquerda. Falando no CA19, reparem como o quadrante em que ele joga tem mais tempo de posse de bola, confirmando numericamente que ele chama o jogo, mas que também prende a bola.

A barreira imposta pelo Leon fez com que, mesmo com 2 jogadores teoricamente de área, o Grêmio não conseguisse jogar por ali. A posse de bola nesse setor foi praticamente a metade que nos outros jogos.

Na partida contra o Junior, quando a vitória era essencial e o Renato colocou o time pra cima a bola ficou mais espetada nas pontas graças à entrada do Escudero e sua parceria com o Lúcio na esquerda, bem como o deslocamento do Douglas um pouco mais à direita.

Como visitante a coisa mudou bastante.


Se em casa o lado forte do Grêmio é o esquerdo, quando joga longe do Olímpico é pela direita que o time do Renato ataca preferencialmente. Só não fez isso contra o Petrolero porque o Escudero caiu pela esquerda e o Borges continuou centralizado, só um pouco mais à direita. Nesse jogo ainda, a ausência do Douglas causou um abandono do ataque, onde o Grêmio não conseguiu segurar a bola nem 20% do tempo, menos que o quadrante em frente ao Victor.

Alguns números interessantes:

Porcentagem de acerto de passes por jogo
  • 3-0 O.Petrolero => 90%
  • 1-2 Junior => 89%
  • 2-0 Leon => 89%
  • 1-1 Leon => 90%
  • 2-0 Junior => 90%
  • 0-3 O.Petrolero => 82%
Praqueles que pegam no pé do Douglas, que dizem errar passes demais, esses números devem doer.


Outros dados:

Finalizações em gol: 33
Se comparar com os outros brasileiros, só o Fluminense acertou menos o gol: 30 vezes.

Total de finalizações: 65
O menor número entre os brasileiros. Eles tem 107, Flu 96, Santos 85 e Cruzeiro 78.

Cruzamentos certos: 27
Cruzamentos errados: 71

Total de cruzamentos: 98
O aproveitamento de 27,5% de acerto parece baixo, mas não é muito diferente dos demais.
  • Flu 139 (24,4%)
  • Eles 130 (30%)
  • Cruzeiro 85 (28,2%)
  • Santos 76 (27,6%)
Em seguida sai um post sobre como o Grêmio foi atacado, analisando a posse de bola dos adversários e números como roubadas de bola e faltas cometidas. Se der, também um com os números de cada jogador.

8 comentários:

Unknown disse...

Mt bom esse post, é disso que precisamos, analisar esses dados e corrigir pontualmente.
Temos time pra levar o caneco, falta mt pouca coisa pra dar certo, espero que esses dados repercutam no vestiário tricolor, ou que la tenha dados melhores e planos de ação para cada falha...

E da-lhe Grêmio Copero...

DM disse...

Se existe uma fórmula pra ganhar Libertadores, essa fórmula é: Goleiro experiente (e bom, claro), zaga alta, velocidade nas laterais, marcação forte no meio, bola parada eficiente, um centroavante matador (principalmente no cabeceio) e CHUTAR A GOL.

Aquele jeito carioca de jogar futebol, rodando a bola pra lá e pra cá, não dá certo contra o futebol castelhano. Era por isso que o Grêmio ganhava tudo nos anos 80 e 90, porque jogava o futebol de Libertadores.

Hoje o Grêmio segura demais a bola, usa mal os lados do campo, finaliza pouco e não tem malandragem nas bolas paradas. Com a lesão do André Lima e a má fase do Borges, fica pior ainda... Pena que não dá pra contratar o Jardel e deixar a barriga dele em Manaus.

Ronei Baldissera disse...

Bah, isso é que é análise séria. Onde estão os "jornalistas esportivos" nessas horas?? Preocupados com a chuteira que o Grêmio vai utilizar... Que pena. Parabéns pela análise. É assim que a gente constrói o conhecimento, com fatos. Abraços tricolores

Ronei Baldissera disse...

É por postagens como essa que eu me nego a ler o que quer que seja da "imprensa oficial". Eu só preciso dessa objetividade baseada em fatos e sem especulações para me sentir gratificado. Obrigado! Dá-lhe Grêmio.

Jefferson disse...

Esse blog é ótimo, muito bom esse post. Dados esses que surpreendem muito. Tirando o jogo ridículo contra o Oriente Petrolero, o Grêmio jogou sem espaço, com seus adversários fechando demais o campo. Tivemos azar contra o Junior lá na Colômbia. O que me satisfaz um pouco é que agora na fase de mata-mata os adversários deverão se abrir para jogar e isso deve facilitar um pouco para nós. Pena que a zaga ainda não inspira confiança. Abç!!

Cris Antunes disse...

Mas que beleza de post, rapá!

Fagner disse...

Os dois jogos que passamos pouco do meio de campo foram contra o Oriente Petroleiro. Um perdemos, outro ganhamos. Acho que não é só retranca, acho que a coisa foi marcação forte no nosso meio de campo (num dos jogos o Douglas não existiu mesmo, porque não estava em campo). Acho que precisa de alguém para dividir a responsabilidade, e esse não é o Lúcio.

Saludos,
Fagner

Eduardo disse...

Bela analise, isso mostra o quanto nossos jogadores estão naquela gangorra de jogar bem ou mal, prova disso é que cada jogo o time ficou com mais posse de bola em partes diferentes do campo, e não por algum mérito, pela forma que o esquema tático está deveria ter uns 25% no Douglas e 15% na linha de fundo direita, sempre. Que é quando o Grêmio joga bem.

Concordo com o Fagner, pra mim o Grêmio precisaria de um 'Roger' para dividir a responsalidade do Douglas.

Hoje o Grêmio depende de três jogadores, Victor, Rocha e Douglas,
Se dois deles forem mal, lascou-se tudo! O resto, infelizmente parece que está "só pra cumprir tabela".