quinta-feira, 2 de junho de 2011

Primeiras impressões

Sempre gosto de ouvir as apresentações dos jogadores novos que chegam para o tricolor. Hoje foi a vez do último da batelada, Gilberto Silva, que, como chegou sozinho, falou o dobro do que Miralles e Marquinhos. Não que eu ache que as perguntas dos jornalistas sejam interessantes (muito antes pelo contrário, pois algumas vezes, de tão ridículas, nem para os jornalistas bem fica), mas gosto de ouvir o como são respondidas. Também não é porque eu esteja esperando que o Grêmio traga um rei da oratória que fale português correto, quero alguém que jogue bola. Mas a entrevista traz, a meu ver, uma indicação de três coisas: presença de espírito (porque, haja paciência), algumas ideias de como o ego influencia suas carreiras e se eles sabem jogar com o que tem, ou seja, de uma pergunta imbecil tirar uma resposta decente. E essas coisas são, geralmente, visíveis em campo.

Ao contrário do monte de "eus" desfilados pelos últimos contratados, gostei de ver a fala praticamente uníssona de que o importante é o grupo, e que suas carreiras ficam em segundo plano. Mesmo o Gilberto Silva, que falou um pouco mais de si, ainda o fez de uma maneira interessante, dizendo que queria manter no Grêmio os títulos que tem tido ao longo da carreira. O Marquinhos ressaltou que maior que qualquer um é a instituição Grêmio, e que o jogador sempre tem que ter isso em mente. E o Miralles que não queria se comparar com os outros argentinos, ou tentar suprir essa carencia de sangue castelhano que alguns tem, mas jogar com o grupo, porque sem o resto do time não adianta nada (me lembrou as entrevistas do Jonas).

Os três ressaltaram muito a característica de serem jogadores de grupo, de buscar o espaço, de aprender e se adaptar ao técnico e aos jogadores. E me passaram muita maturidade e, acima de tudo, personalidade, uma coisa que, para mim, faltou nas outras entrevistas do ano. Destaque para as respostas do Marquinhos sobre o Silas, já sabendo que vem chumbo grosso da imprensa, e do Gilberto, que, em vários momentos, com muita calma, soube desarmar as perguntas mais capciosas sobre a sua idade e aposentadoria. Porém, quem mais me impressionou foi o Miralles. Se as impressões da entrevista se confirmarem em campo, temos um atacante muito inteligente - talvez o mais inteligente desde o Jardel (por incrível que pareça, eu achava as entrevistas dele muito bala). Se livrou muito bem de seus adversários (pois, se não são, serão) e se manteve senhor da coletiva, sem dar espaço para polêmicas e usando da malandragem algumas vezes ("pode repetir?").

Parece pouco, e menos relevante do que a estreia do Marquinhos entre os titulares no coletivo, mas para mim, essa é uma impressão que tem se confirmado em campo. Assim, creio que temos mais dois operários e um cara que tem a manha. Todos os três, bons de grupo, que sabem a sua função e não esperam ser estrelas, mas querem ser campeões já nesse Campeonato Brasileiro. Boas impressões. Agora é esperar junho para confirmar.

2 comentários:

DM disse...

A melhor entrevista do Jardel foi aquela dentro de campo pelo Criciúma.

- Jogar pra ganhar, Jardel?

- Claro, viemos aqui pra ganhar, não pra meter o cu dentro do gol.

Douglas Dallago disse...

"Nem para os roperteres bem fica"
Essa foi boa

hehe