segunda-feira, 26 de julho de 2010

Saludos, Fagner

O Fagner é mesmo um leitor assíduo. E não é a primeira vez que eu concordo com os comentários dele.

A pedido, abri espaço pra manifestação dele aqui no blog. E gostei tanto do texto, que assino embaixo.

Saludos, Tiago.


"Caros amigos. Eu era um comentador bem assíduo do blog e, de uns tempos para cá, acabei deixando de acompanhar por achar que a cobrança estava um pouco exagerada. Voltei hoje para dar uma olhada e vi que nada mudou. Como o espaço sempre foi democrático e tem um pessoal que gosta de pensar e discutir, resolvi enviar um comentário que fiz no blog do Mário Marcos que, por ser muito longo, quase ninguém deu bola. Não é por nada, mas acho que o pessoal anda esquecendo de muita coisa nessa tal de onda de "morte ao Silas". Gostaria, se possível, que fosse colocado para debate. Tentei postar como comentário aqui, mas é muito grande. Se for possível postar, ia ser legal. Saudações tricolores.

"Ao contrário do que a maioria parece pensar, eu acho que, agora, finalmente apareceu um fato novo: a direção tirou o time de campo e liberou o Silas para tentar o que achar melhor, coisa que não foi feita até aqui. O plantel do Grêmio mudou pouco em características desde 2008: temos apenas um meia armador, daqueles que faz a bola correr e não corre com ela, temos meia-atacantes velozes, uma zaga com boas opções (ou seja, ninguém é incontestável) e uma montoeira de volantes. Aí vem o motivo de eu, em um comentário anterior, dizer que esse ano o tricolor melhorou: tem um ataque muito mais eficiente que na época - ou seja, melhorou - comparável, num passado recente, apenas a Paulo Nunes e Jardel (vejam a média de gols dos dois titulares antes do espanto).

Levando em conta o resultado, o melhor Grêmio que vimos jogar desde a volta da segundona (e o mais criticado) foi o de 2008, vice do Brasileirão (o time vice da Libertadores não fez 72 pontos no campeonato Brasileiro, récorde de pontos para um segundo colocado desde que 20 clubes estão na série A). Esse time do Celso Roth foi o último a jogar com 3-5-2. Desde lá, a partir do início de 2009, a direção (e a imprensa) começou a cobrar que o Roth jogasse no 4-4-2, com o Souza titular. A base não tinha estrutura para isso e constantemente tivemos que jogar com três volantes no meio para compor o sistema “ideal” (não sei para quem). Roth caiu e continuava proibido o 3-5-2 - tanto que esperaram uma vida pelo Autuori, que veio dizendo aos quatro ventos que era fã do 4-4-2. Como é que foi o time do Autuori? Regular para ruim, com pelo menos uma grande partida (um dos melhores jogos de futebol que eu já vi no Olímpico): Grêmio e Flamengo, quando o tricolor jogou com um 3-5-2 com o Réver como “volante” (era líbero, na verdade, pois sempre estava na sobra).

Eis que veio 2010 e a direção, entendendo as carências, foi atrás de meias; mas errou a mão. Trouxe jogadores do estilo do Souza (carrega a bola), deixou o Tcheco ir embora e trouxe uma versão mais nova - o Douglas. Ou seja, o grupo não mudou, mas a “obrigação” pelo 4-4-2 se manteve. E contrataram o Silas.

Voltamos novamente no tempo: O Silas andou pela corda bamba no início do Brasileirão de 2009. Até a décima rodada o time de Santa Catarina tinha 4 pontos, nenhuma vitória e seis derrotas. A torcida já vaiava na ressacada, a direção não tinha dinheiro para reforçar o time. O que aconteceu? O Silas trouxe o Ferdinando para o time titular, botou o time no 3-5-2, com o Muriqui e o Marquinhos se revezando como atacantes e o William de centrovante aipim. Resultado? 10 jogos invicto, 8 vitórias e dois empates. No final do ano, com uma base montada a partir desse esquema, sexto lugar no brasileirão. Isso por que? Com as contratações do time para 2009 e a perda de alguns jogadores o plantel não oferecia uma solução mais “tradicional” (o 4-4-2). Aqui isso foi proibido para o Silas mesmo antes de ele chegar (vide as entrevistas dele quando foi apresentado - a preferência do técnico pelo 3-5-2 foi sempre questionada - e a quantidade de paulada que ele recebeu na escalação do primeiro jogo do Grêmio ainda em Bento).

Agora, desesperado, o Meira não tem mais nada a fazer senão dar uma chance do Silas treinar o que bem entender (ou finalmente topou liberar o treinador). E isso em ótima hora: ainda temos um grupo ideal para 3-5-2. E diria mais: é melhor ainda que o de 2008, pois pode jogar com Souza e Hugo como alas, com o Douglas centralizado, Adílson e Rochemback de volantes, Rodrigo de líbero, Mário Fernandes e Neuton de zagueiros, um na direita e outro na esquerda. Com opções para cada quase todas as posições (Ozéia, Saimon e Rafa Marques para a zaga; Magrão e Fernando para volantes; Maylson para a do Souza e Lúcio para a do Hugo; André Lima para o ataque), faltando apenas o meia armador reserva e o tal atacante rápido.

O problema do tricolor esse ano é, creio eu, resultado da “velha maneira” de ser dirigente do Grêmio: tentar mandar no treinador e no time (que é o que eu entendo quando o Silas diz que o Meira “mata no peito e sai jogando”). Foi assim com o Pelaipe e o famoso episório Wagner Mancini (o Mano Menezes faz exatamente o que mandam ele fazer, sem chiar) e parece que é assim que o Meira comanda. Quem parecia se salvar era o Krieger que, mesmo corneteado pela imprensa e torcida, deu carta branca pro Roth montar o time que bem entendesse, desde que ganhasse.

A imprensa não tem a menor paciência com o Silas e as razões dela são simples. Não esqueçam que, quando ganhou o Gauchão, o Silas detonou a imprensa gaúcha dizendo que entendia a situação deles de inventarem notícias pois eram apenas dois grandes clubes e um monte de horários de jornal para encher. Agora, as razões da torcida ter perdido a paciência com o técnico são inexplicáveis, pois começaram ainda antes desta crise, antes da copa, antes mesmo de ganhar o cafezinho - se bobear, antes mesmo de ser contratado. O Mano Menezes fez coisa pior, ganhou apenas o Gauchão e foi idolatrado, mesmo sendo retranqueiro e medroso, colocando o tricolor com apenas um atacante por quase uma temporada inteira, num 4-5-1, não mudando nem mesmo quando precisava virar um 3x0 (resultado da atuação horrível de um bruxo dele) e perdendo o vice do brasileiro de 2006 por total falta de comprometimento contra um time rebaixado na última rodada. Por que tanta paciência com um e tanta intolerância com o outro? Ou seja: quero que deixem o homem trabalhar em paz antes de qualquer tipo de decisão. E tenho boas expectativas para os próximos jogos. O 3-5-2 vai ser a melhor coisa que o Grêmio poderia ter nos últimos tempos.

Saludos,
Fagner"

7 comentários:

fernando disse...

Apesar de minhas restrições a alguns aspectos do trabalho do Silas, concordo em que não é ele o principal problema.
Quando o técnico mostra um pouco do estilo Meira de ser, é visível que isto mais o incomoda do que ajuda.
Por outro lado, o que detonou Celso Roth foi sua inexplicável "inexperiência", de acreditar que era possível perder Gre-nais impunemente. O que deu respeito ao Mano foi a Batalha dos Aflitos e o retorno a Série A, além do Gauchão(ões).
O resultado contra o Cruzeiro, quando visto isoladamente não é trágico. As partidas dentro do Olímpico tem sido mais trágicas para o futebol do Gremio.
Agora Silas vai ter a oportunidade de mostrar o que vale: o Gre-nal de domingo é seu duelo ao entardecer. Ou mata e fica, ou morre e morre.

Juliana de Brito disse...

Queria ter a paciência do Fagner.

Menezes disse...

Sabe quando nada mais nos resta pra se apegar?

O jeito é ter a esperança que esse esquema surtirá algum efeito.

Tomara que sim!
Hiltor Mombach tinha proposto, faz alguns meses, um esquema tático com Souza e Hugo nas alas. Só que ele tava usando o 4-4-2. No 3-5-2 acho isso mais plausível.

Vamos ver. Ou é isso, ou é a fossa.

Fagner disse...

Tiago, valeu a oportunidade de colocar o texto para debate.

Juliana e Menezes: acho que o jogo de ontem dá um pouco mais de margem para a paciência. Jogamos bem melhor que o Cruzeiro e só perdemos dois pontos por puro nervosismo - dois ataques dos mineiros no segundo tempo que resultaram em dois gols. Mas precisávamos duma partida assim: superiores mais do que setenta minutos no jogo. Acho que o caminho é esse. E, ao contrário do que o Maurício Saraiva disse (para variar um pouco), o tricolor não abandonou o 3-5-2 com a entrada do Magrão, que foi terceiro zagueiro, e nem com o Fernando, quando o Douglas foi para o ataque com o Borges.

Agora temos uma semana cheia para treinar o sistema, melhorar a cobertura dos alas (o Maylson fez um partidaço) e se preparar para o obstáculo de enfrentar um treinador que conhece grande parte do grupo. E que, misteriosamente, é considerado pela imprensa gaúcha hoje quase um Mourinho, tão hábil que é para montar esquemas de jogo e organizar o time - bem diferente de um ano atrás, quando era considerado teimoso e burro com os mesmos 100% de aproveitamento, só que na libertadores. Vamos torcer para que a fase de perder grenais do Roth ainda não tenha passado.

Depois o líder do campeonato e o Goiás. Dois jogos em casa, um bem difícil, outro mais ou menos, onde espero que o resultado de domingo traga mais paciência para mais gente parar de vaiar o time durante o jogo.

Saludos,
Fagner

@tiagorussell disse...

De novo, concordo com o Fagner. O time melhorou muito em MG. Mas, como eu também já tinha previsto no post pós-diluvio, tudo passa pelo GREnada.

Eu, sinceramente, gosto do Silas. Mas outro resultado negativo, mesmo sendo um clássico, vai acabar com a sustentação dele.

Fagner disse...

Minha vez de concordar contigo, Tiago; é quase certo que ninguém vai segurar o Silas se perder o Grenada. Embora eu continue achando que seria um erro trocar de treinador agora (os disponíveis não são melhores que o Silas e, se tivesse que substituir, traria o Beto Almeida, que é melhor que o Tite). A pressão vai ser muito grande.

Mas o jogo de domingo passa antes pelo de amanhã. Se o São Paulo repete o 2x0 que fez no Cruzeiro na fase passada, o domingo vai ser com os reservas e com a atenção voltada para a semana que vem. Isso facilitaria para a gente. É hora de aguardar.

Saludos,
Fagner

nirmal disse...

posso até viajar no q digo,mas vi em determinados jogos,gauchito, cbrasil certos momentos do gremio do telê, compacto e saída rápida e dpois disso ñ vimos + nada q c/o agravante das lesões(mario q ainda acho ñ pronto p/zaga, neuton, até o souza q acho firuleiro) e a deficiência técnica de alguns (rodrigo,magrão, a forma do rocambole(até q melhorou)) desestruturou o todo. vi melhoras sensíveis em minas e concordo c/os comentários, pq vi o tão detestado 3-5-2, c/os meias(maylson(jogou muito ali e ainda apareceu p/chutar na área) e hugo(meia boca)) nas alas, oq reforça a marcação e poe o time em vantagem contra o meio do adversário, seja este no 4-4-2 ou o 3-5-2 c/os laterais nas alas (qdo só teres meias ceentralizam). de resto problema deles se irão jogar c/reservas(isso é bom p/o wianey e outros) p/nós é vitória oq só interessa. abçs